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terça-feira, 26 de março de 2013


O CAOS PODE ESTAR CHEGANDO


Aquele caos anunciado para o transporte público aracajuano poderá  de fato estar acontecendo. E o caos se anuncia fortemente com a redução da frota e o quase total sucateamento da que resta circulando. Nosso transporte público nunca licitado, por conseguinte ilegal,  e assim tolerado, não é apenas ruim, é  horrível. O suplicio de amontoar-se nas deterioradas carroças sacolejantes,   desconfortáveis, fedorentas,  em percursos  alongados pela lentidão do transito, somente  poderia ser menos pior do que aquilo que agora está acontecendo:  a falta das carroças,  que, pelo sim pelo não, eram o único meio de transporte público disponível.
 Um banco credor pediu,  e a Justiça decretou o arresto de mais de 60 ônibus de uma das empresas.   Não parece ser uma medida sensata a retirada sumária dos meios de que dispõe o devedor para saldar o débito. Pelo contrário,  ainda mais o sufoca, retirando-lhe parte considerável do faturamento. Levados a leilão os veículos não alcançariam lances suficientes para cobrir a dívida. Mas quem vai esperar bom senso alojado em cabeça de banqueiro?
A partir desse episodio, o colapso se foi agravando.  A crise é mesmo sistémica, e não será fácil contorná-la  a curto  prazo.
As longas esperas  enervam os estressados passageiros, e disso aproveitam-se alguns, para o inicio da baderna, com os atos de vandalismo que só pioram a  situação.

O VELHO NAVIO DE LA NÃO SAI
O velho  cargueiro de cabotagem transpôs a barra de Aracaju. Porões vazios, sem nenhuma carga, calado próximo aos três metros, ele venceu o canal e veio ficar fundeado em  frente ao estaleiro H. Dantas,  também empresa armadora, proprietária do barco que deveria ser reformado, mas,  nunca subiu a rampa do estaleiro.   Seis anos decorridos, ele lá permanece. Reclamam as pessoas que o navio, assim paradão,  do outro lado,  na Barra dos Coqueiros, enfeia a paisagem.  O problema é que agora, o navio mesmo rebocado,  não conseguirá outra vez cruzar a barra,  tomando o rumo do oceano.  A barra, nesse  espaço de 6  anos,  assoreou muito, e tornou-se  mais crítica. Há locais  onde a profundidade não chega aos 2 metros.  No porto de mar da Barra dos Coqueiros continuarão atracando os navios grandes, no porto estuarino de Aracaju e Barra dos Coqueiros o que se deve assegurar é a passagem de barcos menores,  com menos de 3  mil toneladas, para  o suporte logístico  das plataformas da Petrobras e de outras empresas que operam no litoral sergipano.   Acabam de chegar novos equipamentos para o campo de Piranema,  em frente a Aracaju,  em águas profundas, há  novas e promissoras jazidas. Para a nova fase de produção petrolífera   que  está começando, o porto estuarino será imprescindível.
O SEXAGENÁRIO VOADOR
Marcos Aragão começou a saltar de paraquedas quando tinha 17 anos, e precisou de autorização paterna para iniciar-se no esporte que, no começo da década dos 70 nem existia em Sergipe.  e  sua prática era pouco difundida no país. Em João Pessoa,  todavia,  funcionava um clube de salto livre que era o único do nordeste. O Aeroclube de Aracaju entrou em contato com os paraquedistas paraibanos e conseguiu que Aragão e um outro jovem que também queria saltar, Bira, para lá viajassem e fizessem o curso. Voltaram os dois com o curso concluído,  e o Aeroculube convidou  os saltadores paraibanos para virem fazer uma demonstração em Aracaju. Durante o show aéreo houve alguns incidentes,  e uma jovem loira paraquedista errou o alvo, e enfiou-se pelo telhado de uma casa. Aragão, começando o curso de Educação Física e administrando uma academia de fisioculturismo, esqueceu-se por algum tempo do paraquedismo,  e a ele só retornou  depois de alguns anos. Hoje, aos 60 anos,  contabiliza quase  1 500 saltos, o que está bem longe de um recorde, mas é uma cifra expressiva.
Ao tornar-se sexagenário,  resolveu tentar bater um recorde. Organizou uma equipe, convidou para vir acompanhar de perto a tentativa o homem pássaro,  Sabiá, recordista de desafios radicais,  com m ais de 10 mil saltos, normais, e também anormais.
 Das 5.30 da manhã, ás 15, 30  contando com uma eficiente equipe de terra e  tendo como lançador o comandante Léo, saltou sem parar , repetidamente, 60 vezes.  É o recorde nordestino. Depois da façanha,  no hangar do Aeroclube , apagando as velinhas de um bolo azul,   imitando uma pílula de Viagra, Aragão ouviu de um amigo que desdenhava do seu feito:  ¨Recorde espantoso  seria um sexagenário, mesmo com a azulzinha,   fazer sexo 6 vezes,  em um só dia¨.
ANÍSIO DÁRIO  UM CRIME A ESCLARECER
 O  assassinato pela polícia do operário Anísio Dário, em novembro de 47 é um crime encoberto pela penumbra da dissimulação. As circunstancias imediatas do assassinato são bem conhecidas, e sobre ela tantos já escreveram, mas,  o que se seguiu ao trucidamento revela o clima de uma época, em que o tropel dos cavalos desnudava o simularco  de uma democracia  bem mais frágil do que a  ¨plantinha tenra ,¨ da metáfora de Otávio Mangabeira. 
Operários, intelectuais, estudantes, reuniam-se no Cinema Rio Branco, centro da cidade,  Rua João Pessoa, para um protesto contra a cassação do registro do Partido Comunista Brasileiro e dos mandatos dos seus representantes nos parlamentos e prefeituras. O ato fora proibido pelo Chefe de Polícia, o Dr. Monteirinho. Esvaziado o cinema,  os manifestantes  sairam em passeata.  Chegou a cavalaria e investiu contra o povo. Anisio Dário foi morto a tiros e sobre ele passaram alguns cavalarianos, até que o corpo ficasse destroçado. Antonio Garcia Filho, médico,  que tentou socorrer Anísio, e também um dos manifestantes, depois descreveria a cena.  O enterro foi acompanhado de perto pela polícia, e o corpo colocado em um caixão vedado.  A família de Anisio Dário, sua esposa e filhos menores tiveram de deixar Aracaju e foram viver no Rio de Janeiro. Anos depois, quando a viúva de Anísio faleceu, o filho, Zacarias  tentou abrir o inventário, mas lhe faltava a certidão de óbito do pai. Constatou, então, que o documento nunca fora emitido,  e que também não se fizera a  indispensável necropsia para atestar a causa  da morte.
Agora, Zacarias está em Aracaju, tenta incluir a atrocidade cometida pela polícia sergipana entre os crimes contra os direitos humanos a serem esclarecidos pela Comissão da Verdade.
Zacarias, acompanhado do primo  Diógenes ,   do professor Antonio Bitencourt,  reuniu-se na Ouvidoria- Geral do Estado com os historiadores Gilfrancisco e Murilo Mellins, depois, foram à Secretaria dos Direitos Humanos.  O Secretário Luiz Eduardo Oliva os recebeu, e a assessora Jéssica Oliveira de  Carvalho preencheu a ficha de atendimento assim  concluída: ¨Vem o requerente pedir à Comissão da Verdade a abertura de investigações sobre o assassinato do líder sindical e operário da construção civil Anísio Dário de Andrade a fim de que se possa garantir o direito ao reconhecimento da memória do mesmo, bem como garantir à família o direito de identificar os verdadeiros responsáveis, e ter ainda o direito de recuperar / reaver todos os documentos do Sr. Anísio Dário, os quais foram na época confiscados pelas autoridades policiais ¨.
Finalmente se poderá saber por que a cavalaria e seus cavaleiros, pagos pelo povo investiram contra o povo, para assassinar um homem do povo. Foi em 1947, mas o tempo não apaga o crime.

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