UM PROJETO DE TRANSPORTE QUE PODERIA SER ANALISADO
Canindé de São Francisco/SE - O médico Lauro Maia, candidato a prefeito de Aracaju, organizou um grupo multidisciplinar encarregado de estudar e sugerir soluções viáveis para os problemas da cidade. Há 25 anos já se podia antever as complicações nas ruas atravancadas, a mobilidade comprometida pelo excesso de veículos.
Luiz Eduardo Costa
Nessa ultima década, o automóvel e a moto tornaram-se bens de consumo acessíveis às classes que eram muito pobres e subiram na escala social. Nas ruas estreitas e entrecruzadas de Aracaju circulam agora cerca de 200 mil veículos de 4 e 2 rodas. Tudo aconteceu muito rápido.
A mobilidade urbana tornou-se um problema que martiriza o povo, e foi uma das causas da explosão social que tomou conta das ruas.
Discutem-se agora algumas alternativas que poderiam ser adotadas em Aracaju. O deputado federal Valadares Filho, quando candidato a prefeito, concentrou-se na exposição do projeto do Veículo Leve Sobre Trilhos, o VLT, um pequeno trem que cruzaria a cidade fazendo uma espécie de linha circular. O projeto exigiria considerável volume de obras, investimento elevado, mas, tem a seu favor o fato de já estar funcionando com sucesso em algumas cidades médias brasileiras, e sendo implantado em diversas outras.
Eleito prefeito, João Alves deparou-se com o colapso das empresas de ônibus jamais licitadas, e com graves problemas financeiros. Três delas foram retiradas de circulação, e quase se instala o caos, mas, a rápida entrada em cena de uma empresa pernambucana que atendeu a um S.O.S, aliviou a situação. João Alves permanece fascinado pelas concepções urbanas do arquiteto Jaime Lerner, e traz de volta a Aracaju sua equipe técnica, que no Paraná desgastou-se tanto quanto a imagem política do próprio Lerner, ex-prefeito de Curitiba e ex-governador do estado. Para a mobilidade urbana a proposta que o prefeito defende com entusiasmo é o chamado BRT, ônibus de grande porte deslocando-se em corredores exclusivos. Seria uma opção menos custosa, mais rápida e mais fácil de ser implantada, com o inconveniente de causar poluição, e até exigir, (o que é inaceitável ) a derrubada de muitas árvores numa cidade carente de verde, incluindo a devastação completa da arborização que embeleza e humaniza a longa avenida Hermes Fontes.
Enquanto as alternativas são discutidas, o perito criminal aposentado Anselmo Cardoso, que é também especialista em engenharia de transito, tenta recolocar em foco o projeto de mobilidade urbana apresentado por Lauro Maia. Anselmo participou do grupo, e recorda que o arquiteto Delmo Aragão desenvolveu a ideia do aproveitamento da linha férrea desativada da Leste Brasileiro, hoje ainda sem uso, propriedade da Vale depois de privatizada. A linha atravessa a cidade pelo lado oeste, ligando-a com São Cristovão na direção sul, prosseguindo até Salvador; e com Socorro, no rumo norte, continuando até Propriá. O projeto teria a vantagem de aproveitar o traçado já existente, reduzindo custos de desapropriações. A ferrovia seria duplicada em todo o trajeto da Grande Aracaju, e ao longo dela construídas estações intermediárias, ficando a Central na velha Estação da Leste que se transformaria num centro comercial. A interligação com os bairros seria feita por uma frota de micro-ônibus movidos a biodiesel, que teriam a vantagem de circular com facilidade nas ruas estreitas dos conjuntos habitacionais.
Com a construção prevista da nova ferrovia ligando Salvador a Recife, passando por Aracaju e Maceió, a velha linha se tornará definitivamente obsoleta, e assim, a Vale poderia interessar-se pelo projeto da reativação, viabilizando –se uma Parceria Público Privada.
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