A GUERRA NAS ESTRELAS E O OUSADO PLEBEU ADELSON
Canindé de São Francisco/SE - Experientes observadores da cena política sergipana fazem a previsão garantindo não conter exageros, de que, no próximo ano, a eleição dos deputados federais se transformará numa ¨guerra nas estrelas ¨. Aqui, a palavra ¨estrela ¨ é apenas um eufemismo a substituir a verdadeira : cifrões.
A política, em especial a sergipana, atravessa um deprimente período de degradação, e os que comandam esse processo, conseguem atrair velhas e carimbadas figuras que retornam ao palco, e conseguem, também, cooptar novatos , atraídos quase sempre pelas sedutoras promessas de uma ampla partilha patrimonial. Políticos dotados de espirito público como é o caso do senador Valadares, têm externado preocupação com a crescente influencia do dinheiro nas eleições, mas, apesar de criar regras infindáveis e estabelecer proibições que supostamente reduziriam a influencia do poder econômico, a Justiça Eleitoral não conseguiu até agora acompanhar o trajeto do dinheiro, desde o local de onde sai, até ir se alojar nos bolsos do ¨chefe político ¨, ou na mão do eleitor, trocando o voto por uma esmola que humilha e espezinha a cidadania.
Nesse torneio onde quase sempre o maior cacife dos competidores é a conta bancária, entra agora um candidato saído de uma família pobre como tantas outras da periferia, onde ninguém imagina tornar-se deputado . Adelson Barreto, o plebeu que chegou ao topo da elite do poder estadual, nunca saiu da periferia, lá continua vivendo e mantendo uma obra social que supre, em grande parte, as carências da saúde pública ineficiente. No plano ético filantropia e busca de votos nunca deveriam andar juntas, mas aí já seria exigir demais. Quando um dia o poder público criar um sistema de saúde eficiente que a todos dê a atenção devida, políticos como Adelson terão de mudar de estilo. Ate que chegue esse dia muitas eleições irão transcorrer. Depois de conquistar alguns mandatos, desde vereador a deputado estadual, e perder uma eleição à Câmara Federal, quando o tapete lhe foi retirado dos pés, Adelson, ano passado, alcançou o recorde de 60 mil votos.
Tornou-se assim um político detentor de cobiçadíssimo passe. E ele soube valorizá-lo.
Edivan Amorim lhe fez as vontades e entregou-lhe o comado estadual do Partido Trabalhista Brasileiro, PTB, hoje, o deformado reduto dos que tinham compromisso com a valorização do trabalho e a dignidade do trabalhador. Agora, pelo menos, o PTB sergipano não está nas mãos de quem acumula graves e insolúveis pendencias na Justiça do Trabalho.
No projeto de Edivan consta Adelson chegando a deputado federal com uma portentosa cifra de algo em torno dos 180 mil votos. Uma meta sem duvidas arrojada, mas que se tornaria possível caso o fenômeno da periferia aracajuana tivesse a sua incrível capacidade de somar votos sustentada por um generoso suprimento de fundos. Adelson é um homem que apesar dos êxitos no cenário político continua quase franciscanamente pobre, e enfrentando dificuldades para manter a sua eficiente máquina de assistência social. Exatamente por isso, Edivan exercitou a proverbial habilidade de incorporar pessoas ao seu projeto, e aí chegou-lhe o cobiçado troféu: o empresário Ricardo Franco, apoiado pela sua mãe, a ex-ministra Leonor Franco, mulher decidida e forte que, conforme noticias nas colunas políticas, teria mantido uma convincente conversa com o deputado Adelson. Pavimentando assim, tão solicitamente, a trajetória sobranceira de Edivan, talvez, a mãe dedicada esteja querendo fortalecer as pretensões alimentadas agora pelo filho, o jovem e vitorioso empresário Ricardo Franco, que teria vencido a ojeriza à politica e também a uma boa parte dos políticos.
Com a imensa esperança de serem catapultados até Brasília surfando na esteira dos 180 mil votos de Adelson Barreto, o plebeu obstinado e competente que suplantou a aristocracia, tanto de sangue como de dinheiro, estão, entre outros, o deputado estadual Zé Franco e o jovem filho do empresário dos conturbados transportes urbanos de Aracaju, Adierson Monteiro.
Luiz Eduardo Costa
Jornalista
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