AS SUCATAS OU QUASE ISSO
Canindé de São Francisco/SE -
A chegada emergencial dos ônibus da empresa pernambucana chamada a nos acudir, e evidentemente a ganhar dinheiro, aliviou um pouco os tormentos da grande maioria da população que depende do transporte público, mas, a frota da Atalaia, nome que a rodante pernambucana aqui adotou, não é muito diferente dos sucatões das empresas retiradas de circulação, ou daquelas que permaneceram operando. Só haverá uma perspectiva real de melhoria do transporte público quando, finalmente, for realizada a concorrência sempre postergada. Ai então o poder público municipal poderá fazer a exigência de frotas formadas exclusivamente por ônibus novos e em maior quantidade . Ônibus como o que a Prefeitura está agora exibindo o modelo, e prometendo fazê-los circular em Aracaju após a licitação. Mas isso será apenas o começo de um a processo que passará por diversas etapas, até que , em um dia que não está tão próximo, os aracajuanos venham a poder dispor de um transporte de massa confortável e eficiente.
ENQUANTO ENCOLHE A ARRECADAÇÃO
Uma intensa campanha visando atrair empresários inadimplentes com a Secretaria Estadual da Fazenda, teria de ser iniciada logo que foi anunciado um REFIS pela metade, ou seja , apenas a negociação para o parcelamento dos débitos. O quase REFIS, que já nasceu acanhado, ficou também assim meio escondido, quase sem ser divulgado. Por isso, há muitos pequenos empresários, principalmente pelo interior do estado, que ainda nem sabem que ele existe. Da mesma forma tímida, miúda, sem a mínima criatividade, surgiu e exauriu-se a campanha Minha Nota, que, mais de 2 anos depois, permanece na mais absoluta obscuridade. Quase ninguém sabe da existência de uma campanha cujo objetivo é mobilizar a população para que exija a sua nota fiscal sempre que efetuar compras. O estimulo seria criado com vantagens oferecidas concretamente, entre as quais, prêmios atraentes sendo sorteados. Pouca gente sabe da existência da campanha, se há prêmios, e se alguém chegou a ser contemplado. Assim , termina-se fingindo que se faz uma campanha com o objetivo de aumentar a definhante arrecadação do estado. Seria possível também fingir que a arrecadação aumenta ? Some-se, a tudo isso, o castigo que o governo federal vem rigorosamente aplicando aos estados e municípios, condenados a perderem receitas, e o quadro das finanças sergipanas não favorece qualquer otimismo. Para agravar ainda mais as atribulações, os auditores fiscais estão quase em pé de guerra por não terem atendidas suas reivindicações, e, segundo alegam, sem também serem ouvidos pelo secretário Oliveira Junior, que, por sua vez, vai tocando como pode a sua Secretaria, também na interinidade, enquanto João Andrade se recupera em São Paulo. Em consequência disso tudo, o governador em exercício, Jackson Barreto, está , pela primeira vez na vida, tomando tranquilizantes, mas, teve a oportuna iniciativa de vir, humildemente, pedir desculpas aos aposentados que receberam seus salários pela primeira vez em muitos anos, passando de um mês para o outro, logo no dia primeiro, mas, já era agosto.
EXONERADOS E DISPUTADOS
Exonerados da Casa Civil e da Secretaria de Governo, o médico e ex-deputado Jorge Alberto, e o advogado e ex-vereador de Aracaju, Francisco Dantas, não saíram satisfeitos, menos pela exoneração em si, e muito mais pelas circunstancias em que ela ocorreu. Jorge Alberto externou a insatisfação, até uma forma clara de revolta, porque se considera um aliado, e foi preterido em função de outros, também aliados, só que, segundo ele, sendo preferencialmente tratados. A insatisfação de Jorge Alberto parece ter- se estendido também ao ex-deputado Marcos Franco, ligado a Jorge por laços de amizade e família, e como ele também integrante do PMDB, formando no bloco de apoio ao governo. Isso poderá até influenciar na linha editorial do influente Jornal da Cidade Já o professor Chico Dantas saiu calado, preferiu um discreto silencio, mas o pastor Heleno, prefeito de Canindé, entendeu o ato, no mínimo, como uma descortesia a ele próprio, ao PRB, e a todo o seu grupo que sempre esteve na linha de frente das campanhas lideradas por Marcelo Déda. Antes, Heleno ja manifestara a sua clara disposição de apoiar a candidatura de Jackson Barreto ao governo. O prefeito, todavia, diz que nem quer pensar em rompimento, mas, não sabe até quando será possível tolerar a má vontade que em relação a ele, sempre demonstraram certos setores do PT, provavelmente autores da enxurrada identificada por Heleno como de deploráveis intrigas, que geraram o episódio desagradável, desnecessário e contraproducente, tanto em termos políticos como administrativos. O prefeito de Canindé, lembra, contudo, que sempre manteve as melhores relações com o governador Marcelo Déda, e tem motivos para agradecer a Jackson algumas atitudes por ele tomadas no decorrer da acirrada campanha em Canindé do São Francisco, ressaltando, ainda, o apoio decisivo do grupo do deputado petista João Daniel, líder do MST, e também da ala do Partido dos Trabalhadores liderada em Canindé pela deputada Ana Lúcia.
Enquanto vão pipocando insatisfações que poderiam ter sido evitadas, e Jackson enfrenta ao seu redor dificuldades para continuar as bem sucedidas articulações visando ampliar a base de apoio parlamentar do governo, Edivan Amorim, que não é bobo bem nada, não larga o telefone.
JOSE FRANCISCO E A PETROBRAS
José Francisco Sobral que os amigos carinhosamente chamam de Zé Petróleo, ligou sua vida à Petrobrás e é testemunha dos tempos de pioneirismo, quando, desafiando-se o pessimismo e a sabotagem, conseguiu-se provar que o Brasil tinha petróleo, e era possível explorá-lo economicamente sem vender nossa soberania aos trusts internacionais.
Jose Francisco, hoje aposentado, dedica-se à tarefa de guardar a memória daqueles tempos. Quinta-feira, dia 7, Sobral comemorava 82 anos e reuniu familiares e amigos em sua residência. Lá estavam muitos petroleiros e rotarianos, mas a conversa girava predominantemente sobre o tempo em que aqueles homens agora idosos participaram da aventura da descoberta do petróleo em Sergipe, primeiro em terra, ( 1963), depois no mar, (1968) quando, numa plataforma bem em frente à Atalaia, o óleo, pela primeira vez em águas brasileiras, começou a jorrar.
Passados tantos anos a Petrobrás tornou-se uma multinacional gigante, mas uma gigante em crise, e com um enorme desafio pela frente: explorar o pre-sal ainda a tempo de corresponder às expectativas de lucratividade em um mercado que está passando por inesperada transformação. Os combustíveis fósseis perdem terreno na Europa, a capacidade tecnológica dos Estados Unidos brevemente anulará a dependência que o país sempre teve do fornecimento externo. A autossuficiência já alcançada na produção de gás, e o avanço acelerado na capacidade de produzir biocombustíveis, são sinais fortes de que a sede de petróleo começa a arrefecer. Hoje, a grande conquista não é mais a integridade do monopólio duramente obtida em tempos adversos, agora, o desafio será convencer o maior número possível de empresas a virem partilhar, com a Petrobras, as reservas imensas da plataforma submarina, coisa que nenhuma empresa por mais poderosa que seja conseguirá fazer sozinha, como ainda pensam ser possível alguns sonhadores , honestos, sem dúvidas, mas encalhados numa ideologia pétrea, que a evolução do mundo e a derrotada experiência do leste europeu poderão ter transformado em preconceito.
Mas ,essa é outra estória, e bem mais complexa, o que falávamos mesmo inicialmente, era sobre a comemoração da vida exemplar de Zé Petróleo, cercado pelos seus companheiros da grande luta pela afirmação da capacidade brasileira de tirar, do fundo da terra, aquele líquido viscoso que é ainda o sangue nas veias do organismo insaciável da economia de mercado, e era, na, época, requisito indispensável para a soberania. Zé Petróleo e eles, foram os grandes vencedores daquela luta.
Sergipe deve aqueles velhos reunidos no aniversário do engenheiro de minas Jose Francisco Sobral, a chance que lhe foi oferecida para deixar de ser uma enorme fazenda, onde poucos plantavam cana e engordavam bois.
DÉDA POETA, OLHANDO AO LONGE O RIO SERGIPE
Marcelo Déda retornou a Aracaju para uns dias rodeado das filhas, dos filhos, com Eliane sempre junto. Manda, o ritual rigoroso dos médicos, que ele aqui não se exponha a muitos contatos, sobretudo, nesse período, evite mergulhar nas preocupações do cargo. No tuiter que impõe poucas linhas, disse breve que chegara, mas, teria de retornar. Déda dá as notícias de si mesmo, respondendo ao interesse dos sergipanos que acompanham o seu sofrimento. Do político, do homem de Estado, nunca se separou o poeta, e ele retempera o estro ao ver, do apartamento onde mora, o sol refulgindo no prateado do rio, entre a fímbria restante de coqueiros e manguezais.
A adversidade não afugenta a poesia, e assim, há instantes em que o cantar das musas ressoa também como o langor sublime de uma oração.
No poder, Déda logo descobriu que a purificação da poesia projetando sonhos ao infinito, tem de ser muitas vezes trazida ao rés do chão, onde o Hamurabi implacável da competição e das circunstancias, exige o ¨olho por olho, o dente por dente¨. Percorrendo Maquiavel e os Salmos, Déda sempre fez a sua clara opção pelo último. Trata-se de um ingênuo ? Não, trata-se de coerência a princípios,( talvez mesmo desprezados pela crueza de uma realidade que a tudo subverte) que alimentaram a crença do militante, que o governante se esforça por manter. Há uma distancia criada pelo tempo , entre o militante nas ruas e o governador nos palácios, mas, no meio dos dois, há o poeta tentando ser traço de união.
A poesia carrega, ou faz aflorar, insuspeitadas potencialidades.
JOELSON, UM EXECUTIVO EFICIENTE
A secretária Lúcia Falcón tem, entre as suas muitas qualidades de eficiente e sensível executiva, aquela fundamental, de saber escolher os seus auxiliares diretos. Um deles, o engenheiro Joelson Hora, torna-se um destravador de coisas emperradas, e um acelerador de projetos. Tendo também, como Lúcia a virtude de selecionar criteriosamente a sua equipe, Joelson, agrega ao seu grupo, entre outros, engenheiros como Bosco, e com isso, faz as coisas andarem.
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